quinta-feira, outubro 28, 2010




Eu tive um sonho muito bonito esta noite. Estava em uma pequena cidade do interior, fria e cinzenta, e alguém me disse que um monstro morava por ali. Ele levava as garotas para sua caverna e as devorava vivas. Perguntei em que direção ele morava e me imploraram para não ir até lá. Houve uma festa aquela noite, uma apresentação de uma banda de mau gosto, em uma espécie de galpão, escuro e abafado. As pessoas usavam roupas pretas e me pareciam sujas. Derramei no chão a bebida que me deram, que secou rapidamente no chão de cimento. Fugi da festa e caminhei em direção a casa do monstro. Um padre me seguiu.
O caminho era muito verde e repleto de plantas silvestres. Havia pequenas capelas de pedra para Nossa Senhora entre as arvores. A santa tinha os olhos azuis e a expressão de que tinha acabado de chorar.
O monstro vivia em um castelo nas nuvens, e era preciso subir por uma escada enorme para chegar lá. Quando me aproximei, a escada transformou-se em milhares de livros empilhados. Os livros contavam a historia da minha vida. Agarrei-me a eles e deixei que me elevassem. Pude sentir o vento passando pelos meus cabelos enquanto chegava ao topo. O padre observou tudo escondido atrás de uma árvore.
O castelo era magnífico, e o monstro na verdade era um jovem corcunda e sem cabelos. Sua pele era clara e seus olhos esverdeados. Seu criado era magro, tinha os cabelos negros e usava roupas estranhas. O senhor do castelo disse que realizaria todos os meus desejos, e que eu poderia ficar ali para sempre. As outras garotas acenaram positivamente com a cabeça. Eu disse que iria ficar. Muitos anos depois, soube que o padre tentara subir atrás de mim, mas caiu ao olhar para baixo. Se tivesse me observado bem, veria que eu subi de olhos fechados.
Acordei às cinco e vinte da manhã, com o despertador do celular.

terça-feira, outubro 26, 2010

Eu tive um sonho muito bonito esta noite. Estava em uma pequena cidade do interior, fria e cinzenta, e alguém me disse que um monstro morava por ali. Ele levava as garotas para sua caverna e as devorava vivas. Perguntei em que direção ele morava e me imploraram para não ir até lá. Houve uma festa aquela noite, uma apresentação de uma banda de mau gosto, em uma espécie de galpão, escuro e abafado. As pessoas usavam roupas pretas e me pareciam sujas. Derramei no chão a bebida que me deram, que secou rapidamente no chão de cimento. Fugi da festa e caminhei em direção a casa do monstro. Um padre me seguiu.
O caminho era muito verde e repleto de plantas silvestres. Havia pequenas capelas de pedra para Nossa Senhora entre as arvores. A santa tinha os olhos azuis e a expressão de que tinha acabado de chorar.
O monstro vivia em um castelo nas nuvens, e era preciso subir por uma escada enorme para chegar lá. Quando me aproximei, a escada transformou-se em milhares de livros empilhados. Os livros contavam a historia da minha vida. Agarrei-me a eles e deixei que me elevassem. Pude sentir o vento passando pelos meus cabelos enquanto chegava ao topo. O padre observou tudo escondido atrás de uma árvore.
O castelo era magnífico, e o monstro na verdade era um jovem corcunda e sem cabelos. Sua pele era clara e seus olhos esverdeados. Seu criado era magro, tinha os cabelos negros e usava roupas estranhas. O senhor do castelo disse que realizaria todos os meus desejos, e que eu poderia ficar ali para sempre. As outras garotas acenaram positivamente com a cabeça. Eu disse que iria ficar. Muitos anos depois, soube que o padre tentara subir atrás de mim, mas caiu ao olhar para baixo. Se tivesse me observado bem, veria que eu subi de olhos fechados.
Acordei às cinco e vinte da manhã, com o despertador do celular.

quinta-feira, julho 29, 2010


If you're lost you can look
And you will find me, time after time
If you fall I will catch you
I'll be waiting, time after time
If you're lost you can look
And you will find me, time after time
If you fall I will catch you
I'll be waiting, time after time

segunda-feira, julho 19, 2010


There's a calm surrender
To the rush of day,
When the heat of a rolling wind
Can be turned away

An enchanted moment,
And it sees me through
It's enough for this restless warrior
Just to be with you

And can you feel the love tonight?
It is where we are
It's enough for this wide-eyed wanderer
That we've got this far

And can you feel the love tonight,
How it's laid to rest?
It's enough to make kings and vagabonds
Believe the very best

(BREAK)

There's a time for everyone,
If they only learn
that the twisting kaleidoscope
Moves us all in turn

There's a rhyme and reason
To the wild outdoors
When the heart of this star-crossed voyager
Beats in time with yours

And can you feel the love tonight?
It is where we are
It's enough for this wide-eyed wanderer
That we've got this far

And can you feel the love tonight,
How it's laid to rest?
It's enough to make kings and vagabonds
Believe the very best

It's enough to make kings and vagabonds Believe the very best

It's a little bit funny this feeling inside


É um pouco engraçado o sentimento que vive em mim agora. Mas não se pode enganar sobre um quentefrio e um pulinho quando se sente um. Eu atravessei a mesmice das horas dessa segunda feira com um sorriso, e pude ver seu rosto toda vez que fechava os olhos. Senti seu cheiro em minhas roupas e esfreguei as mãos para sentir o calor das suas. Mordi os lábios. Céus, como queria te ver!
Estou com aquela sensação da primavera, quando tudo é novo e excitante. Eu me pego afobada em meus próprios pensamentos sobre a gente, sobre o nosso futuro, sobre o agora. Eu quero te mostrar tudo que eu conheço, conhecer todas as coisas que formam a pessoa que você é, visitar lugares, cantar pela noite, conversar com mendigos, apertar campainhas e correr, tudo isso ao mesmo tempo, tudo isso com você. Eu quero te beijar, te abraçar, ter força em meus braços para te levantar e rodar, como você faz comigo. Eu quero te levar para voar.
Eu quero ver o seu sorriso, quero ouvir o som gostoso da sua risada. E quero te ver chorar ao ler tudo que eu tenho pra te dizer porque você é tão lindo de todas as maneiras e eu te amo tanto que seria capaz de partir agora mesmo para pegar qualquer estrela que você desejasse, em qualquer lugar desse ou do mundo das fadas.
Você é meu e eu sou sua, e isso é perfeito. Mágico. I love you, cat. Para sempre e sempre.

*-*

sexta-feira, julho 02, 2010


I would die for you
I would die for you
I've been dying just to feel you by my side, to know that you're mine

I would cry for you
I would cry for you
I will wash away your pain with all my tears, I'm drowning on fear

I will pray for you
I will pray for you,
I will sell my soul for something pure and true, someone like you

See your face every place that I walk in
Hear your voice every time that I'm talkin'
You will believe in me, and I will never be ignored

I will burn for you
Feel pain for you
I will twist the knife and bleed my aching heart, and tear it apart

I will lie for you
Beg and steal for you
I will crawl on hands and knees until you see, you're just like me

Violate all the love that I'm missin'
Throw away all the pain that I'm livin'
You will believe in me, and I can never be ignored

I would die for you
I would kill for you
I will steal for you
I'd do time for you
I will wait for you
I'd make room for you
I'd sink ships for you,
Take the cross for you
Make me a part of you
Because I believe in you
I believe in you
I would die for you

domingo, maio 09, 2010

Estou aqui pensando nas palavras certas para escrever agora, mas nada parece ser bom o bastante. Queria algo novo, algo que fizesse seu coração disparar quando visse esse pequeno depoimento, mas é sempre a mesma coisa. Você é o amor da minha vida, meu pequeno, minha metade, alma e razão. Você faz os dias possuírem cores que eu nunca vi e meu andar ficar mais leve. Eu estou voando, e é graças a você.
Eu não sei o que seria de mim se não tivesse te conhecido. Provavelmente não estaria gostando de ninguém, nem mesmo de mim mesma. Meu único pensando ao deitar era esperar que o dia seguinte nunca chegasse. Eu adoraria dormir para sempre.
Você me faz feliz como ninguém nunca pode fazer. Só com você eu consigo ser eu mesma, estar feliz de verdade. Você me completa.
Eu tenho comigo a pessoa mais bonita e especial do universo, e eu nunca fui tão feliz.
Obrigada por me aceitar, aguentar, entender, e acima de tudo, obrigada por existir. Eu amo você.
Feliz aniversário, meu amor. Estou com saudades. :~

quinta-feira, março 25, 2010

The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return


Hoje foi o que se poderia chamar de dia horrível. Não dormi o suficiente, a água do banho estava congelada, não tinha nenhuma camiseta decente limpa, assim que sai de casa começou a chover, meu guarda chuva quebrou, deixei meu chinelo para trás no meio da rua que foi levado pela corrente de água suja, tomei um banho de um carro, pisei em 49797987 poças d'água, perdi o ônibus, perdi o ônibus de novo, perdi o dinheiro da passagem, fiquei ensopada e quebrei uma unha.
Mesmo assim eu não estou nem um pouquinho de mal humor. Na verdade, eu não consegui parar de sorrir nem por um minuto. Porque eu dormi pensando em você e acordei com suas mensagens, e nada no mundo pode me deixar mais feliz.

Você é para mim como um dia de neve que eu nunca sonhei que veria. Queria que você pudesse ver toda a mágica que existe no seu olhar. Como poderia não te amar?

Acredite, eu serei sua para sempre. Eu te amo.

sábado, março 20, 2010


Aquelas palavras e aquele sorriso foram toda a força que eu precisava.
Obrigada, meu amor.

quinta-feira, março 18, 2010


Meu coração está pesado agora. Muito. Comecei a me sentir assim no instante em que tirei meus pés da sua casa, do meu lugar seguro.
Eu gostaria que você soubesse como salva minha vida todos os dias, mas especialmente hoje. Seu telefonema na madrugada, o depoimento de manhã, sua voz cantando para mim enquanto eu estava no ônibus. E quero falar especialmente da sua voz, que foi o mais forte de hoje. Eu estava triste, me sentindo não mais que um cadáver enquanto andava, então resolvi ligar o seu mp3 e ouvir suas músicas. Pantera, Rammstein, Childrens of bodom, e a cada música eu me sentia mais perto de você, como uma conexão. Então você começou a cantar alto nos meus ouvidos e eu me senti instantaneamente feliz, como se nada tivesse acontecido. E comecei a rir comigo mesma e as pessoas a me olharem estranho. Mas eu não me importei. Eu cantei com você e me senti completa, livre. Sua voz tem esse poder.
Eu suportei o dia graças a promessa de te encontrar mais tarde. Estar em sua casa, com sua mãe, irmão e gatos, foi realmente ótimo. Eu me senti segura. E eu dormi melhor nas poucas horas que passei em sua cama do que a noite inteira em minha casa.
Você não faz idéia do tamanho do meu amor por você. Obrigada.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

E tinha você


Eu gostaria de ter palavras, sons, imagens, ou até mesmo emoticons para poder te contar como estou me sentindo nesse momento. Me sinto tão...quente.
Estou sorrindo agora, por causa da lembrança do seu sorriso (meio escondido pela barba, sobre a luz amarela, deitado na cama do meu quarto). Provavelmente eu nunca mais encontrarei algo que ache tão bonito e puro, ao mesmo tempo.
Nos conhecemos e convivemos por quase quatros meses, e não existe um dia com você que não seja especial e mágico, de alguma maneira. Eu nem mesmo sei o que fazer com todo o amor que tenho sufocado dentro do meu peito, esperando para sair. A verdade é que eu ainda tenho medo de te assustar... Eu o desejo mais do que qualquer outra coisa no mundo, no universo. O amo, idolatro e admiro mais do que qualquer um. Você é meu herói, sabe? O príncipe em um cavalo negro que eu esperei por todos esses anos, e agora você está aqui, oh meu Deus, o que eu faço para manter você comigo para sempre?
Eu te amo muito, vampirinho, nunca, nem mesmo por um segundo, duvide disso.

(E tinha você)

Sunshine

Hey, você sabia
Que você é o sol para mim
E a noite, e as estrelas
E o ar que eu respiro todas as manhãs
Você faz os dias quentes ficarem suportáveis
E o asfalto cinza dessa cidade possuir uma cor especial

Eu acordo todos os dias
Pensando que algo bom irá acontecer
Por que o branco do meu teto criou cores incriveis
E tudo isso é por causa de você

Dai Suki *-*



Good day sunshine

I need to laugh, and when the sun is out
I've got something I can laugh about
I feel good, in a special way
I'm in love and it's a sunny day

We take a walk, the sun is shining down
Burns my feet as they touch the ground

Then we lie beneath a shady tree
I love her and she's loving me
She feels good, she know she's looking fine
I'm so proud to know that she is mine

segunda-feira, fevereiro 15, 2010


Run, running all the time
Running to the future
With you right by my side

 Me, I'm the one you chose
Out of all the people
You wanted me the most

And I'm so sorry that I've fallen
Help me up, let's keep on running
Don't let me fall out of love

Running, running as fast as we can
Do you think we'll make it?
Do you think we'll make it?
We're running, keep holding my hand
So we don't get separated

Be, be the one I need
Be the one I trust most
Don't stop inspiring me

Sometimes it's hard to keep on running
We work so much to keep it going
Don't make me want to give up

Running, running as fast as we can
I really hope we make it
Do you think we'll make it?
We're running, keep holding my hand
So we don't get separated

http://letras.terra.com.br/no-doubt/66507/traducao.html
N: Eu sei que nem o Ren, nem a Hachiko são minhas propriedades. Sei que estou errada em pensar dessa forma.
Por mais próximo que a gente esteja, cada um tem a sua vida..
Eu sei que é impossível fazer com que.. alguém seja só seu.
Mas, às vezes, essa impossibilidade..me dá uma tristeza tão profunda.

Y: Eu lembrei agora que o Ren disse algo muito parecido um pouco antes de vir para Tóquio.
Que no final das contas, as pessoas são solitárias.
E por mais que fiquem próximas, nunca seriam uma só.
E que é absolutamente impossível fazer com que alguém seja totalmente seu.


Eu sei que é absolutamente impossível.

Entende agora?

sábado, fevereiro 13, 2010

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar... Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade!


sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Eu estou invisível. Eu sou invisivel. Isso não é nada.



[Ah, que gostoso seria dar um tiro na cabeça em um dia ensolarado como esse]

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Eu poderia escrever sobre a minha dor, sobre a falta de cor no mundo agora e sobre o pedaço de coração que me foi arrancado. Mas eu não quero, não posso, apesar de estar com a urgente necessidade de escrever. Sendo assim, quero registrar aqui como eu amo a cor dos seus olhos, mesmo quando eles estão vermelhos (apesar de preferir o dourado natural). Como amo o jeito que você anda, meio apressado, meio despreocupado. O cheiro do seu cabelo, da sua boca, da sua pele. Amo o calor natural da sua mão, e de como me sinto segura com ela. Amo o tom da sua voz, a sensação dos pelos do seu corpo nos meus e as pontas dos seus dentes. Amo seu jeito inteligente de avaliar as coisas, de falar de música, de me encorajar. Amo a força dos seus braços em minhas costas, o gosto dos seus beijos e o frio dos seus pés. Todas as coisas que formam o você, seu mundo, me encantam. Eu te amo tanto.


Vai ficar tudo bem.

Eu não quero desistir. Eu não vou desistir. Eu sou uma bem sucedida mulher de negócios muito determinada, dica.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Noite passada, quando eu me encontrava no apse do desespero, como mágica você acordou e ficou ao meu lado. Eu lembro de que a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando te vi ali, de pé na cozinha, bebendo água as quatro da manhã, foi em telepatia (nh). Como podia saber que eu precisava de você?

Acariciou meu cabelo e ficou comigo o tempo inteiro, mesmo morrendo de sono. Sorriu para mim e disse que ficaria tudo bem. Quando o dia amanheceu e a dor diminuiu, dormimos juntos de mãos dadas, e seu rosto foi a última coisa que vi antes de fechar os olhos. E em meu intimo eu sorri, pois tive a certeza, mais do que nunca, meu amor, que tudo ficaria bem.

Eu amo seu jeito de andar, seus olhos, seu cheiro e o som dos nossos beijos. Vampirinho, você me faz a pessoa mais feliz do mundo <3

sexta-feira, dezembro 25, 2009


Venho sentido o desejo de escrever o dia inteiro, mas me contive até esse momento, quando estaria sozinha em outra cidade. Sozinha, entediada e, acima de tudo, sentindo sua falta.
Estou agora na sala da Casa da Praia, escutando a conversa embriagada dos adultos lá fora. Sim, adultos. Sempre serão adultos para mim. Um pouco pelos seus assuntos mundanos como dinheiro e pertences, um pouco pelo seu eterno modo conformado de viver a vida. Trabalhar. Comer. Dormir. Existir. Eu nunca serei assim.
O dia passou como um passar de páginas de um livro pouco interessante quando você foi embora. Lentamente organizei e limpei objetos visíveis na casa, observei minhas coisas e li um pouco. Ler sempre me causa um prazer e uma paz que mal posso expressar. É quase como o prazer de sonhar, acordada ou não. Uma válvula de escape.
É difícil escrever com o barulho das conversas se misturando ao som dos meus dedos sob o teclado, que não me permitem escutar meus próprios pensamentos. Por outro lado, li Entrevista com Vampiro no meio deles facilmente, como se estivessem à milhas de distancia. Sente a sutil diferença?
Arrumei minha bagagem com pouco interesse, sem saber ao certo o que levar. Pensei no que precisaria para passar duas noites tão longe de casa, e a primeira coisa que me veio à cabeça foi você. Pensei então no anel que me deu, no computador e no meu colar de fada. O anel para olhar antes de dormir, e imaginar que você está aqui comigo. O computador para ler e escrever, já que não tenho livros novos e minha agenda está reservada para o ano que virá.  E meu colar de fada para lembrar da mágica que existe, em mim e em tudo ao meu redor. Para que sinta algo especial.
É tudo que preciso.
A viagem de quase duas horas me pareceu pouco mais do que dez minutos. Despedi-me dos meus cães e gato antes de sair e bati tristemente o portão. Senti uma forte dor na coluna assim que pisei na calçada. Aninhei-me entre os travesseiros no banco de trás e comecei a pensar em Deus. Pensei em como bonita é a história de Jesus, como um menino que nasceu de uma mulher pura, como uma estrela, que tinha a única missão na vida de salvar a humanidade, com paz e amor. É bonito, de fato, como imagino em minha cabeça. É uma pena não saber desenhar. Se soubesse, criaria traços de um bebê que sorria como o sol, e meu modelo de inspiração seria você. Ele viajaria pelo céu e sorriria para todos, daquele jeito radiante.
Não consigo imaginar o menino crescer.
Acabei adormecendo imaginando esse bebe de sol, e acordei com os solavancos do carro pela estrada maltratada. A lua estava distorcida pelo velho adesivo fume no vidro, mas iluminava tudo ao seu redor.
Chegamos mais rápido do que eu gostaria, e fui levantando lentamente, com pouca disposição. Lembro que sonhei com o mar, e nada mais. Senti um gosto amargo na minha boca, que me lembrou você. “O gosto do sono pela manhã". Sorri. Meu pai desceu do carro para abrir o portão de madeira, e minha mãe suspirou aliviada por ter chegado. Aparentemente, a viagem tinha sigo longa e cansativa.
Antes de descermos, ela se virou e me mandou ficar feliz. Isso me desanimou na mesma hora. Não se pode mandar alguém ficar feliz. Eu não estava ali por vontade própria, e só pensava em entrar logo na casa, ligar o computador e ler estirada no sofá. Não que eu não goste daqui, é realmente bonito. O céu é estrelado como em um filme e se pode ver a lua perfeitamente da varanda. Do lado da casa tem um enorme lago, refletindo a escuridão da noite. O fato é que eu não gosto muito de ter que falar com pessoas, principalmente sobre assuntos forçados como trabalho ou estudos. Não gosto que se sintam obrigadas a falar comigo também, por pura falsa simpatia. Gosto sim, de ficar quieta em um canto, sentindo o prazer da solidão do silencio, sem ninguém para me incomodar.
As risadas estão ficando mais altas, resultado de uma rodada de bebida barata. Na minha frente, em cima de uma mesa pouco organizada, há santos envoltos em plástico. Jesus parece entediado.
Gostaria que estivesse aqui.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Can you see the magic in the air?

Can you see the magic in the air? Eu quase posso tocar.

Acordei não acordando, como sempre. Confundi direitas com esquerdas e freios com aceleradores. Escutei canções de amor enquanto arrumava o quarto e cantei Doce Vampiro no chuveiro. Contei os segundos até você chegar, como naquela música "mas o relógio tá de mal comigo".
Então você chegou, com suas calças meio coladas e sapatos novos. É incrível como perco o ar cada vez que te vejo. Tipo um quentefrio e um pulinho sabe? Eu ganho o dia com o seu sorriso, e por isso me esforço para te fazer sorrir o tempo todo. Às vezes você não parece fazer idéia do efeito que causa em mim (o que é realmente uma gracinha).
Andamos apressados por um caminho que me pareceu ridiculamente menor do que o normal. Sabia que coisas banais ganham uma cor totalmente nova com você por perto? O ar, as pessoas, o cheiro e o sabor das coisas, tudo me parece tão melhor. Como se eu tivesse passado a vida inteira com os olhos fechados, e só agora estivesse enxergando de verdade.
Ter você na minha casa, nas minhas coisas do dia-a-dia, ainda me parece irreal, como um sonho. Está difícil admitir que esteja acordada. Eu acho que meu consciente simplesmente não consegue aceitar que, aquele garoto que eu olhava de longe, meio tímida, e que por loucura do destino resolveu responder as minhas investidas sem graça, é agora a melhor parte da minha vida, de mim.
Você comentou hoje que nós somos a cara do casal que se casa com um ano de namoro. O engraçado é que eu realmente me sinto como se pudesse fugir com você agora, casar e ser feliz para todo sempre, como em um conto de fadas. Por sorte somos espertos demais para isso, hein? (eu disse sorte?) Por outro lado, ficar, namorar, casar e outras coisas mais, não passam de palavras. Eu acho que você sabe o que eu quero dizer.

Estar com você é um pouco como voar.


sexta-feira, novembro 20, 2009

Essa é a vigesima sétima vez que tento escrever algo suficientemente bom para você. Peço desculpas por não criar nada melhor elaborado, mas estou sendo vencida pelo cansaço e pela saudade excrucitante que sinto agora, e que não me deixa pensar em nada mais.
Eu estava escutando musicas melosas e claro, meio bregas, enquanto visualizava seu rosto em minha cabeça, o que me deixou bastante inspirada. Imaginei então que seria uma boa idéia tentar escrever algo que expressasse todo esse sentimento que vive dentro de mim agora, que me corroe por dentro e me faz querer chorar como um coelhinho. Pensei então que poderia falar dos seus olhos e olhar, e do jeito que eles parecem atravessar a minha alma. Ou quem sabe falaria do seu cheiro, e de como é frustrante quando imagino senti-lo pelas ruas, e procuro desesperadamente por você ao meu redor. Poderia também falar dos seus ombros, mãos, barriga, pernas e unhas dos pés, e de todas as outras partes que formam o seu corpo, que é o mais belo do mundo. Talvez falaria ainda da sua voz de canário, e de como toda a minha estrutura ameaça desabar quando sussura em meu ouvido. Ou quem sabe diria como meu coração dispara quando te escuto falar sobre seus sonhos e desejos, ou quando vejo o amor que você sente pelas pessoas e animais que são próximos a você. Ah, e ressaltaria ainda com mais capricho minha parte favorita entre todas, que é seu sorriso envergonhado quando tento te fazer rir.
Infelizmente, acho que talvez por serem maravilhas demais, todas essas coisas se misturam de tal forma que chega a ser impossível formar um texto decente sobre elas. Por isso, não tive outra escolha a não ser escrever de um jeito aleatório e insuficiente, com a falsa esperança de que isso mostre para você ao menos um terço de como me sinto agora.

Ainda bem que inventaram o bom e velho Eu te amo.



Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Nada como estar apaixonada e brega

terça-feira, novembro 10, 2009

Eu gostaria de acreditar em Deus. Em salvação. Em luz. Justiça. Gostaria de acreditar em amor eterno, música e comédias românticas. Gostaria de agir sempre como bêbada, distribuir sorrisos sinceros e promover sonhos tranquilos. Gostaria de acreditar nas pessoas.
Alguém conhece um jeito de se ficar mais idiota?
Vomitava e vomitava de madrugada, abandonado no meio do deserto como um anjo que Deus largou em plena penitência - e só sabia perguntar por que, por que, por que, meu Deus, me abandonaste? Nunca ouvi a resposta.

Meu mundo desmorona incrivelmente fácil.


 
Por muito tempo minha vida foi resumida a expressões, e eu tenho lutado contra isso. Gostaria de ganhar dinheiro fazendo o que eu gosto, me casar, ter filhos, viajar, emagrecer, saber mais das coisas, tocar um instrumento musical, não estar tão quebrada de grana, poder dar (bons) presentes de natal para todo mundo que eu ache que mereça, comer mais salada, escrever melhor, controlar minha impulsividade e meu dom absurdo de dizer besteira, curar definitivamente minha mania de auto-sabotagem... enfim, a lista é grande.

Cheguei a achar, até pouco tempo atrás, que me entregar, amar alguém de verdade não me levaria a lugar algum, não iria me fazer mais querida, não faria ter alguém que me amasse. Faria sim, quem se apaixonasse, mas ninguém iria amar alguém com defeitos grotescos como os meus. Não que eu quisesse alguém que concordasse com minhas fraquezas, mas que me amasse mesmo assim. Que estivesse ao meu lado, não para me apoiar, mas para não me deixar cair mais ainda.




"Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar...

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai...
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar"

segunda-feira, novembro 09, 2009

Será que existe alguém ou algum motivo importante,
que justifique a vida ou pelo menos esse instante?

sexta-feira, novembro 06, 2009




Ainda não era meia noite e já estava insuportável. A música ruim, a bebida pior ainda e as pessoas, nem se fala. É claro que havia o mar, o único atrativo em festas como essa, mas não era o suficiente para me fazer ficar por mais de 25 segundos.
Já estava atrás dos meus sapatos e dignidade quando me deparei com ele. Não sei como não tinha-o notado a noite inteira. Definitivamente não se encaixava ali. Cabelos compridos demais, roupas escuras demais e aquela conhecida expressão de "acho todos idiotas". Igual a minha. Estava sozinho, provavelmente esperando alguém voltar com algum papinho de bêbado que começou a beber antes da festa, fitando o mar. Ocorreu-me que nossos pensamentos eram iguais e me aproximei. Tinha uma expressão impressionante. Cheguei sem bebidas e sem assuntos, só com aquele sorriso amarelo de quem não sabe o que dizer. Pareceu assustado com minha investida, mas me retribuiu com um sorriso igual. Deve ser o amor da minha vida, pensei. Nem lembro sobre o que conversamos, não que tenha importância. A festa era uma merda, as pessoas uma bosta maior ainda e a bebida não vou nem comentar. Mas o mar estava ali, de consolo, refletindo todo aquele inferno. E tinha você.

quarta-feira, novembro 04, 2009


Olha, eu sei o que eu sempre quis. Eu queria um amor que fosse tudo para mim e eu tudo para ele. Que me olhasse e entendesse o que eu sentia, quando estava triste ou feliz. Não precisaria ser lindo, rico, inteligente ou palhaço. Só precisava ser meu.
Eu entendo o desejo de posse. Querer algo só para você, guardar em uma caixa bonita e não deixar ninguém pegar. Eu também sou assim. É um sentimento egoísta, mas ao mesmo tempo é bonito, como poucos conseguem entender.
Para mim, o amor perfeito é aquele com quem eu possa conversar sobre qualquer coisa, desde filmes de sexo ao sentido da vida. Aquele que a gente possa ir até mesmo a uma exposição de talheres importados e se divertir como nunca. Que não ria ou me repreenda quando eu falar dos meus sentimentos e sonhos, que possa cantar comigo sem sentir vergonha. E que que esteja sempre aqui pra mim, pois eu vou sempre estar aqui pra ele também.
O que eu queria agora, era a inocência de um amor de verdade. O sorriso, a confiança. A cumplicidade. Era ter alguém que me quisesse por perto em uma roda de amigos, que soubesse me abraçar sem desejar nada a mais. Que me apoiasse, cuidasse de mim, como eu faria por ele. Alguém com que eu poderia passar horas jogando vídeo game sem cansar, ou explorar uma cidadezinha qualquer. Nada de tédio ou preguiça.
Só amor.

terça-feira, novembro 03, 2009

"Ela é meio bonita.

Você sabe de quem estou falando. Ela chega, cumprimenta, tem um jeito engraçado de cruzar as pernas, usa aqueles sapatos. Quando tira os óculos você observa um tanto mais e tem a impressão de que a conhece de algum outro lugar, uma amiga de infância talvez, ou quem sabe a mocinha do filme antigo, aquela. Você não grava os nomes. Ela é tímida, mas não a tímida “meiguinha”. Ela é arisca e bicho-do-mato mesmo, daquelas que gosta de fazer cu doce e fica com a voz 60% mais baixa quando sente-se intimidada.

Se reparar bem, verá que os olhos são bonitos, de um formato que você nunca viu igual em outros rostos. Castanho furta-cor. Talvez não combinem com o nariz, que não é feio, porém foge um pouco do contexto proposto pelos olhos, e digamos que a boca, que não é feia, tornou-se apenas sem graça perto de um par de olhos muito bonitos e um nariz despropositado.

O silêncio dela às vezes é irritante. Ela é imatura e finge que tem amnésia. Se faz de vítima, drama-queen de carteirinha. 80% dos desenhos dela são cópias ou releituras.

Em casos leves, você pensaria “ela é quase bonita”. Depois de um baseado você diria “ela tem um tipo bastante especial”. Ela é bonita, mas tem aquele jeito de rir, meio polêmico, e aquela maneira de andar, apressada demais.

Você sabe muito bem de quem eu estou falando. Pensa que eu não sei? Quando você partiu ela acordou todos aqueles dias, sentiu-se a garota mais sozinha do mundo, frágil. Tropeçou diversas vezes em objetos variados, esqueceu alguma coisa muito importante e sentiu falta de alguém pra esquentar seu corpo.

As meninas que você conhece são amigas demais ou pretendentes demais e você quer alguém distante, que te olhe de uma forma bem particular, te deixe desconfortável, contente, ou triste, ou puto da cara. Alguém que te dê trabalho.

Poderia ser essa menina, se ela não tão fissurada em suas próprias leituras.
Se ela deixasse de odiar as pessoas e achar que de fato é um dragão.
Se ela não fosse sensível demais e se emocionasse até com inauguração de supermercado.
Se ela fosse mais descolada.
Se ela fosse mais confiante.
E se não te assustasse tanto o fato de que ela se parece demais com o seu mundo, também, meio bonito.
Meio anacrônico. Meio antiquado. Meia estação."

Caio F, alterado.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Blackbird





Você sabe por que o Peter Pan nunca cresce? Porque ele esquece das coisas. Assim, todo dia é como se fosse o primeiro, infinitamente grande, emocionante e novo, como são os da crianças. É mais ou menos assim que estou vivendo os meus dias agora; esquecendo os dias que passaram e partindo com toda a minha alma para o que acaba de começar. E assim, quem sabe, eu também nunca vá crescer.



Blackbird singing in the dead of night

Take these broken wings and learn to fly 

segunda-feira, outubro 19, 2009

Na noite fria, um cão uivava ao longe. Sentado na varanda, um garoto observava sem interesse os vaga lumes que dançavam sobre os velhos pneus cheios d'água. Já deviam ser por volta das duas da madrugada e ainda não recebera nenhum sinal. Pois sim, deveria haver um sinal. A velha cigana que encontrara na noite anterior havia lhe garantido, e ele esperaria a noite toda se fosse necessário. Ainda podia escutar sua voz arranhada, como um sussurro em sua cabeça. "A lua amarela no ultimo dia ímpar do ano. Não durma e não coma nada. Não deixe que o percebam. Fique atento e você verá.”
O tempo parecia caçoar dele. Há quantas horas estaria ali? Seus olhos já começavam a pesar e sua barriga rugia. Já não tinha mais idéias de musicas para cantarolar. Começara a pensar que aquilo era loucura quando a primeira luz do poste se apagou.
Não chegou a dar-lhe importância ao principio. Que a iluminação de sua rua era uma droga não era bem novidade, as luzes viviam a dar defeito. O que lhe chamou a atenção foram os vaga lumes. Desapareceram. Então, todas as luzes se apagaram e veio o silencio.
Foi então que ela apareceu. Em meio a névoa e a escuridão, lá estava. No começo não era mais do que um monte de fumaça sem forma, até que pode-se perceber cabelos e nariz, tronco e mãos. Os olhos não passavam de uma sombra, com a visão fora de foco, constantemente olhando para o nada. Um lamento soprava por sua boca.
Flutuava de um lado para o outro como se procurasse algo. O menino a observava com o coração disparado e olhos vidrados, mas não ousava se mexer. Mal se atrevia a respirar. Em seu peito, uma mistura de assombro e excitação lhe davam vontade de vomitar.
Não soube dizer se era bonita ou não. Talvez fosse, sem todo aquele ar fantasmagórico ao seu redor. Cachos lhe escorriam pelos ombros e um vestido sem estampas lhe cobria o corpo. Sua expressão era de obvia tristeza.
Talvez seus pensamentos estivessem muito altos, ou quem sabe respirava forte demais, mas enfim notara sua presença. Pareceu confusa e assustada por um momento, mas logo voltou a si e deu-lhe um grito de fúria intensa, como se a tivessem escaldado naquele momento. O grito penetrou em seus ouvidos como lâminas cortantes, retalhando tudo até o fundo da sua alma. A sensação era como se estivessem pisando em seu peito, transformando-lhe em pó. Então veio o frio e tudo ficou escuro.
Em algum lugar pela noite, um cão uivava ao longe.


Que gostoso seria dar um tiro na cabeça em um dia ensolarado como este.
Porque chego a sentir desgosto
Da minha insignificância.

domingo, outubro 18, 2009


Me perguntam com freqüência o por que de ser vegetariana. Eu penso sobre isso e lembro de um dia, quando estava voltando do trabalho com minha mãe, quando passamos pelo matadouro da prefeitura. Eu ouvi o lamento de desespero, vi o sangue e senti o cheiro da morte. Aquilo me deu ânsias. Eu já simpatizava com o movimento vegetariano há anos, mas fui mais uma daquelas "deixa para amanhã, hoje tem bisteca no jantar."
Nunca mais comi carne depois daquele dia. Quando cheguei em casa, olhei para os meus animais e os abracei. Conheço teorias sobre como carne não faz bem, questões ecológicas, caninos não desenvolvidos e outras coisas, mas a verdade e que nada disso me importa.
Eu amo os animais. Amo mesmo, de verdade. Eu brigo e choro por eles como nunca brigaria ou choraria pela maioria das pessoas que conheço. É o amor que me faz ser vegetariana, nada mais.

"Se você fala com os animais eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro. Se não falar com eles você não os conhecerá, e o que você não conhece você temerá. E aquilo que tememos, destruímos."
Ah, fria solidão.
Transforma-me em pétala, leva-me para qualquer lugar.
Desejo ser levada para qualquer lugar
Pois não aguento mais
Esses meus dias de tédio sufocante.


sábado, outubro 17, 2009


Para minha vista, somente o Nada. Caminhei por entre aquela escuridão, com as mãos erguidas e passos cautelosos. Em meio ao desespero, pensei que gostava do som ritmado dos meus sapatos no concreto. Um dia ou um minuto depois, resolvi fechar os olhos. Não houve diferença alguma.
Já cansada daquele macabro passeio sem fim, resolvi descansar. O silêncio que se fez causou me arrepios na nuca. Olhei em frente, sem saber ao certo se estava indo ou voltando. Aquilo parecia não ter fim. Onde estava minha esperada luz no fim do túnel?
Tentei lembrar me como havia chegado àquele ponto. Vasculhei minha mente, mas estava tão oca quanto meu coração. Não tinha recordação alguma de onde vinha, ou quem eu era. Nenhum nome ou rosto. Vazio.
Com um suspiro, voltei a minha jornada. Em uma certa hora, já não sabia mais se estava sonhando ou acordada. O desespero começou atingir me e senti me sufocada. As paredes, se é que haviam paredes, pareceram resolver encolher. Caí de joelhos e desatei a chorar. Não tinha mais forças.
Então a vi; Era radiante. Deu um doce sorriso e fez sinal para que a acompanhasse. Não hesitei. Mesmo incapaz de recordar minha vida, estava certa de que jamais fora tão feliz como naquele instante. Corri descontroladamente, tropeçando em meus próprios pés. E então uma Luz calorosa envolveu me e esse foi o Fim. Eu estava morta. E era maravilhoso.

Um


Dizia Clarice que escrever era uma maldição. Hoje repito : é uma maldição sim, mas uma maldição que salva. Isso se comprova em mim todos os dias.

I'm still here.